Pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio em setembro mostrou que 58,9% das famílias têm algum tipo de dívida e 73% delas têm dívidas no cartão de crédito, uma das maiores taxas de juros cobradas no mercado. O final do ano é o momento em que a maioria das famílias está em melhores condições para negociar os débitos, devido ao aumento na renda familiar, com o recebimento do 13º salário e da participação nos lucros das empresas.
Na hora da negociação do pagamento das dívidas, é fundamental fazer um bom planejamento, trocando contas com taxas de juros mais elevadas, como do cartão de crédito e do cheque especial, por contas com taxas de juros menores, como os empréstimos consignados em folha de pagamento. O medo da inadimplência faz com que muitas famílias recorram a novos empréstimos para quitar dívidas vencidas, contraindo novas dívidas com taxas de juros elevados. Assim agindo, apenas adiam o problema, que voltará em futuro próximo com maior intensidade.
O 13º salário, recebido pela maioria das famílias, não será suficiente para quitar todas dívidas, mas poderá ser usado nas negociações, por exemplo, para pagar parte das dívidas e financiar restante com taxas de juros menores. Algumas dicas e bom planejamento são fundamentais na negociação.
A principal dica é adotar uma estratégia de pagamento, começando pelo levantamento total dos débitos, das taxas de juros cobradas e do prazo de vencimento de cada conta ou há quanto tempo venceu. Nessa estratégia é fundamental reconhecer o problema e não culpar os outros pela sua falta de planejamento. Nessa hora, muitos vão culpar o banco do qual é correntista como responsável pelo problema e muitos saem correndo atrás de novos financiamentos, porque não querem ver seu nome com restrição. No entanto, não fazem uma análise prévia para verificar se terão condições de honrar esses pagamentos. Consequentemente, pagarão mais juros e a inadimplência será uma questão de tempo.
Após estabelecer estratégia, é importante cumprir. Não se deve acreditar que sairá dessa situação num passe de mágica. Esse planejamento deve ser feito comprometendo no máximo 30% do rendimento familiar. Ou seja, se necessário é importante aumentar prazo de pagamento, pois acordo que comprometa grande parte do orçamento da família não será cumprido, resultando em mais despesas com juros e multas.
Não adianta ficar fugindo do problema ou deixar que cada um fique culpando o outro. A melhor saída é dialogo e disciplina. Se alguém na casa tem maior dificuldade para gerenciar suas contas, é fundamental que ele não tenha crédito, caso contrário o estrago será maior e todos pagarão a conta.
Ficar fugindo dos credores não é solução, incluindo aqui o gerente do seu banco, que pode ser grande aliado. Mas lembre-se de que você não é obrigado a aceitar a proposta feita pelo gerente e sim mostrar que está disposto a negociar, conforme sua capacidade de pagamento e taxas de juros cobradas. Para banco é muito mais negócio fazer acordo com devedor do que encerrar negociações com processos judiciais.
Dinheiro é difícil de ser ganho e muito fácil de ser gasto. Sem planejamento e disciplina, os resultados serão o endividamento e a inadimplência.