"A
possibilidade de a greve acabar nesta semana é nenhuma", diz Carlos
Cordeiro, coordenador do comando de greve
19/09/2012 | 16:58 | FOLHAPRESS
Diante do silêncio da Federação Nacional dos Bancos
(Fenaban) em relação à greve dos bancários, o presidente da
Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenador do comando nacional dos bancários, Carlos Cordeiro, diz que a paralisação vai se estender até a
próxima semana. "A possibilidade de a greve acabar nesta semana é
nenhuma", diz Cordeiro. "Mesmo que a Fenaban nos convocasse hoje
(quarta) para uma negociação, teríamos de chamar o comando nacional. Como eles
não convocaram, a greve vai continuar até sexta-feira".
O
coordenador do comando da greve diz que, a cada dia que a entidade dos bancos
não se pronuncia, a greve se estende. "Se amanhã eles não nos chamarem
para a negociação novamente, a greve se estende para segunda e assim por
diante. Imagino que essa greve vai entrar pela semana que vem com a imobilidade
da Fenaban".
Segundo
Cordeiro, embora a Contraf-CUT não tenha fechado o balanço da paralisação em
todo o país nesta quarta-feira (19), a greve cresceu em relação a terça e tem
mobilizado mais pessoas que em 2011, quando durou 21 dias. "[2012] Aponta
para uma greve longa como no ano passado. Pode durar mais de 21 dias se
perdurar a posição intransigente da Fenaban."
Levantamento
do sindicato dos bancários divulgado ontem disse que a greve fechou 5.132
agências e centros administrativos dos bancos neste ano, contra 4.191 no ano
passado.
Reivindicações
A
categoria decidiu fazer uma greve por tempo indeterminado para pedir 10,25% (5%
acima da inflação) de reajuste, entre outras reivindicações. Os bancos
ofereceram só 6% (0,58% acima da inflação). As negociações estão interrompidas
e não há previsão de retomada, segundo os trabalhadores e os bancos.
De
acordo com os bancários, a paralisação começou mais forte neste ano do que no
ano passado, quando 4.191 agências foram fechadas no primeiro dia de greve. A
greve no ano passado durou 21 dias e o bancários acabaram aceitando reajuste de
9% (1,5% acima da inflação). Foi a maior paralisação desde 2004.
Em
São Paulo, cerca de 20 mil bancários cruzaram os braços, segundo o sindicato
dos bancário de São Paulo e Osasco --14,45% do total de 138 mil trabalhadores
da região. "Fomos muito bem no primeiro dia de greve. Amanhã vamos
estender o movimento a outras regiões", disse Juvandia Moreira Leita,
presidente do Sindicatos dos Bancários de São Paulo.
Outro lado
"Estamos
abertos para retomar as negociações, mas não oferecemos 6% para chegar a 10%.
Queremos fechar um acordo que esteja de acordo com a realidade atual",
disse Magnus Apostólico, diretor da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).
Com
a paralisação, a Febraban orienta os clientes a procurar um canal alternativo
para realizar os serviços durante o período de greve.
Segundo
a entidade, o consumidor deve ver se há a disponibilidade de fazer as operações
por meio de caixas eletrônicos, internet banking, mobile banking (banco no celular),
telefone e correspondentes bancários --casas lotéricas, agências dos Correios,
redes de supermercados e outros estabelecimentos comerciais credenciados.
Saques
Caso
o cliente queira fazer saques acima de R$ 1.000 - o máximo permitido por dia em
caixas eletrônicos -, poderá fazer transferências por meio de DOC (o documento
de crédito) ou TED (transferência eletrônica disponível) nas próprias máquinas,
pela internet, pelo telefone e até mesmo no aplicativo do banco pelo celular.
Por
meio dessas operações, é possível realizar transferências envolvendo dois
bancos distintos.
Segundo
o Procon-SP, nesses casos pode haver ainda atendimento emergencial nas agências
ou o banco pode aumentar o limite de saque nos próprios caixas eletrônicos.
Se o cliente tiver algum prejuízo em virtude de não
conseguir sacar o valor que precisa, poderá acionar o banco posteriormente, já
que a entidade é a responsável pelos danos causados em função da interrupção
dos serviços.
Caso o consumidor solicite uma alternativa de pagamento e as empresas não a
disponibilizem, ele deve documentar a tentativa frustrada de quitar o débito,
podendo registrar uma reclamação junto ao Procon.
De
acordo com a entidade, o consumidor não pode ser prejudicado por problemas
decorrentes da greve, uma vez que a responsabilidade do banco pelos prejuízos
causados aos consumidores decorre do risco de sua atividade e não pode, a
pretexto de greve, ser repassado ao consumidor.
PIS, FGTS e seguro-desemprego
A Caixa Econômica Federal diz que disponibilizará toda a sua rede de agências,
casas lotéricas, postos de atendimento bancário, terminais de atendimento
eletrônico e correspondentes bancários para garantir o atendimento durante a
greve.
No
caso de saque de seguro-desemprego, PIS e FGTS, o trabalhador poderá fazer as
operações em um casa lotérica ou em um correspondente bancário.
Em
caso de novos pedidos, a trabalhador terá que procurar uma agência aberta ou,
caso não encontre, deverá entrar em contato com a Caixa para buscar uma forma
alternativa.
Atendimento nas lotéricas
O atendimento nas lotéricas é feito das 8h às 18h,
exceto nas localizadas em estabelecimentos como shoppings e supermercados, que
costumam ficar abertas até as 19h ou até o horário estipulado pelo regulamento
interno dos locais.
Boletos bancários da Caixa Econômica Federal podem ser pagos em qualquer dia do
mês. Já as contas emitidas por outros bancos só são aceitas pelos atendentes
das lotéricas se estiverem dentro do prazo de vencimento e se não ultrapassarem
valores maiores do que R$ 700.